Escolher o regime tributário ideal é muito importante na hora de abrir um negócio. Trata-se do conjunto de leis que determina como a empresa pagará pelos seus tributos obrigatórios. Atualmente, existem três regimes tributários: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional.
Na hora de optar por um regime, muitas dúvidas podem surgir, principalmente sobre o Lucro Real, que é mais complexo que os outros modelos.
Mas o que é o Lucro Real? Como ele funciona na prática? Se você quer entender melhor esse regime tributário, a gente te explica tudo nesse post!
Continue a leitura e descubra.
O que é Lucro Real
O Lucro Real é um regime de tributação, em que o cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) é feito com base no lucro real da empresa (receitas menos despesas) e com ajustes previstos em lei.
Trata-se de um dos regimes tributários tradicionais. Porém, os empreendedores que optam por este regime devem ficar atentos: é crucial ter um controle sobre as rendas e as despesas do negócio. Assim, é possível calcular o lucro e os tributos a serem pagos.
Isso porque os encargos podem aumentar ou diminuir de acordo com o lucro registrado. Além disso, caso a empresa apresente prejuízo fiscal ao longo do período tributável, ela não precisa pagar os tributos sobre o lucro.
Outro detalhe que merece destaque, é que as empresas que seguem a tributação são obrigadas a apresentar à Secretaria da Receita Federal os registros especiais de seu sistema contábil e financeiro.
Quem pode optar pelo Lucro Real?
Afinal, quem pode aderir ao Lucro Real? Essa é a dúvida de muitos empreendedores. A legislação prevê que algumas empresas ficam obrigadas a seguir este regime. Confira quais são:
- Empresas do mercado financeiro, como bancos, instituições financeiras, cooperativas de crédito, empresas de seguro privado, entidades de previdência aberta e sociedades de crédito imobiliário;
- Empresas que tiveram lucro, rendimentos ou ganhos de capital oriundos de fora do país;
- Empresas que explorem as atividades de compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);
- Empresas que têm benefícios fiscais em relação à redução ou isenção de impostos.
Além dos exemplos citados acima, toda e qualquer empresa com receita bruta acima de R$78 milhões deve, obrigatoriamente, adotar o Lucro Real.
Alíquotas do Lucro Real
Um aspecto importante a ser observado são as alíquotas do Lucro Real, ou seja, a percentagem que irá indicar sobre o imposto pago.
No caso do IRPJ, a alíquota sobre o lucro real é de 15% para empresas que apresentam até R$20 mil de lucro mensal. Para empreendimentos que ultrapassam esse valor, a alíquota é de 15% sobre o lucro acrescidos de 10% sobre o valor que excede R$20 mil.
Vamos entender com um exemplo. Suponha que uma empresa registra R$40 mil de lucro líquido por mês. Neste caso, ela vai pagar:
15% sobre R$40.000 = R$6.000;
10% sobre o excedente (no caso, R$20.000) = R$2.000
Totalizando R$8.000 de IRPJ.
Já a alíquota da CSLL é de 9% a 12% sobre o lucro líquido.
Além do IRPJ e da CSLL, há também o cálculo do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), tributos sobre o faturamento.
No PIS, a alíquota geralmente é de 1,65%. Para o Cofins, é de 7,6%. No entanto, essas alíquotas podem ser menores, de acordo com a atividade do negócio, correspondendo a 0,65% no PIS e 3% para Cofins.
Glossário sobre termos tributários
Para facilitar o mundo tributário, montamos com muito carinho este Glossário sobre termos tributários. Assim, vamos descomplicar de vez todos esses conceitos!
Vantagens do Lucro Real
Você já entendeu o que é o Lucro Real e como funciona o cálculo das alíquotas. Mas quais são as vantagens deste regime tributário?
Tributação justa
Um dos maiores benefícios do Lucro Real é a cobrança justa de impostos, feita sobre os valores reais que a empresa apresenta em um determinado período.
Abertura para créditos de PIS e COFINS
De acordo com as leis 10.627/2002 (para o PIS) e 10.833/2003 (para a COFINS), ao apurar o IRPJ e a CSLL pelo Lucro Real, a empresa pode tomar créditos de PIS e COFINS. Segundo o regime de não-cumulatividade do PIS e da COFINS, a alíquota aplicada é maior, mas a organização pode descontar do cálculo os créditos apurados sobre certas despesas definidas em lei.
Dessa forma, se a empresa se encontra em uma situação de prejuízo, ela consegue daqui mais créditos de PIS e COFINS do que débitos, economizando no pagamento desses tributos.
Abertura para planejamento tributário
As empresas do Lucro Real tem maior liberdade na hora de fazer o planejamento tributário, já que podem escolher entre a apuração mensal, trimestral ou anual, de acordo com as necessidades da organização.
Importância do controle fiscal
O Lucro Real pode ser muito bom para várias empresas. No entanto, é essencial que as organizações optantes por este regime estejam em ótimas condições para evitar multas indesejadas. Para isso, as obrigações fiscais devem estar em dia.
As rotinas e deveres podem acabar variando de acordo com as atividades ou o segmento da empresa. Porém, de uma forma geral, é importante manter o controle financeiro e fiscal, já que os problemas causados por um mau gerenciamento podem ser devastadores.
Há algumas obrigações gerais para todas as empresas que seguem o regime, como os documentos: Livro Diário; Livro Razão; Livro de Inventário; Livro de Apuração do Lucro Real; Livro para Registros de Entradas e Livro de Registros Contábeis.
A falta de um dos documentos pode resultar até mesmo em penalidades fiscais. Caso seja multada, a empresa pode pagar até 6% do lucro, mas existem ainda casos mais graves que obrigam a paralisação total.
Concluindo…
Como você pode ver, o Lucro Real pode ser um regime tributário interessante para muitas empresas. No entanto é extremamente importante ficar atento às possíveis mudanças, uma vez que os valores dos impostos cobrados variam de acordo com o lucro apresentado naquele determinado período.
Além disso, é essencial calcular o faturamento líquido com precisão evitando dessa forma possíveis erros, uma vez que os valores estão atrelados a este resultado. Por isso manter a contabilidade e o financeiro em dia é uma dica valiosa para quem opta por este regime.
Esperamos que o post tenha solucionado todas as suas dúvidas sobre o Lucro real. Se você ainda quer continuar aprendendo mais sobre o mundo fiscal e tributário, continue com a gente por aqui e descubra mais sobre esse vasto universo!
muito interessante esse comentario sobre o lucro real, estou em consulta com uma empresa de lucro real.