Marketing de guerrilha: o que é e como usar

Atualizado há mais de 3 semanas

Com uma concorrência cada vez mais acirrada na internet (para não dizer em todo o mercado), é difícil se destacar e chamar a atenção do público de maneira única, incrível e que desperte o interesse de potenciais clientes. Uma das formas para se conseguir isso é com o marketing de guerrilha.

Um nome assim não passa batido e é exatamente isso que esse conceito de marketing propõe: chamar a atenção do público.

Mas é claro que, como tudo no marketing, ele carece de ser feito com muita estratégia e um certo cuidado.

Detalhes que você conferirá agora sobre o marketing de guerrilha.

O que é o marketing de guerrilha? 

O marketing de guerrilha é um método que busca na inventividade e no não convencional maneiras para se destacar junto a seu público.

Normalmente, ele busca surpreender o seu público com conteúdos inventivos, interativos, sem sutilezas e, muitas vezes, provocativos.

Não é raro que no marketing de guerrilha, as empresas utilizem, inclusive, a concorrência para se promover.

E não indiretamente: é mostrando logo, citando o nome ou mesmo usando produtos da concorrente.

Por fim, o marketing de guerrilha busca chocar o público de maneira simples e sem grandes investimentos, mas de uma maneira provocadora e completamente surpreendente.

Esse nome, ainda que não muito popular, não é novo. Ele surgiu algum tempo depois da Guerra do Vietnã.

Em 1984, com o livro Guerilla Marketing Jay Conrad Levinson cunhou esse nome para definir uma estratégia de marketing muito parecida com a que os vietnamitas utilizaram na guerra contra os EUA.

A guerrilha dos vietcongs se baseava no confronto direto, utilizando menos investimentos do que seus oponentes, que também eram mais fortes e estratégias únicas que surpreendiam seus adversários.

Não são poucos os filmes que demonstram essa estratégia e o autor dos EUA viu essa oportunidade de criar um conceito parecido para o marketing e que deu certo.

Como aplicar o marketing de guerrilha?

Utilizando os precedentes levantados por Levinson, para se aplicar o marketing de guerrilha algumas características são necessárias:

  • Pouco orçamento;
  • “Confronto” direto;
  • Ideias únicas;
  • Ações que causam surpresa no público.

A partir desses pontos, é possível criar estratégias que podem encantar, viralizar e ser lembrado por algum tempo.

Confira alguns meios.

Seja interativo

A interatividade é uma das marcas mais clássicas do marketing de guerrilha. Alguns exemplos de propagandas que usaram muito bem essa estratégia, deram certo exatamente por possibilitar a interação entre marca e público.

Nada melhor do que um exemplo para mostrar o tipo de interatividade que o marketing de guerrilha requer: em 2012, a Sprite colocou umas duchas nas praias do Rio de Janeiro em pleno verão.

Simples né? E se elas tiverem formato de máquinas de refrigerante como essas de lanchonetes?

exemplo marketing de guerrilha sprite shower

Aposte na simplicidade

Ideias simples como uma ducha na praia podem parecer óbvias, mas não menos surpreendente.

O marketing de guerrilha tem esse nome muito porque é pensado para pouco investimento, como os vietnamitas na guerra.

Isso porque, mais do que simples, eles foram inteligentes.

A simplicidade, no caso do marketing de guerrilha, não pode estar desacompanhada da inteligência de suas ações.

Um exemplo foi o da Kitkat: ela simplesmente colocou uma embalagem de seu produto em uma cadeira de madeira, remetendo ao formato e às cores de seu produto.

Note que além de simples, ela é interativa: afinal, a pessoa pode usar a propaganda como um banco, de fato.

exemplo marketing de guerrilha kit kat

Seja multicanal

Talvez em 1984, quando Levinson trouxe esse nome ao mercado, ele não imaginaria a possibilidade que se tem atualmente com os vários tipos de meios que se possa promover uma propaganda.

Muitas dessas ações do marketing de guerrilha têm alto poder de viralização. A McDonald 's, por exemplo, pintou faixas de pedestres de amarelo junto a um de seus pacotes de batata-frita.

Ali o marketing de guerrilha já foi bem aplicado, mas a foto é viral até hoje, seja disseminada por blog — como por aqui — redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas mundo afora, mesmo após anos da ação.

Além desse tipo de ação, é possível usar QR Codes de maneira que o público saia do off para o online, de maneira simples e bem assertiva.

Centre as ações no público

Como você pode notar, de nada adianta uma estratégia se o seu público não for o central. Por isso, é essencial conhecê-lo bem para que os valores da propaganda não sejam diferentes dos dele.

Portanto, tenha uma persona com base em dados, pesquisa e mapear hábitos que o seu consumidor ideal tenha.

Tenha parceiros

Algumas ideias bem inovadoras envolvem ações de marketing, que nada mais é do que duas empresas na mesma ação promovendo seus produtos e serviços.

Cada empresa pode entrar com um tipo de envolvimento diferente, criando ações únicas e inovadoras, quando bem acertadas.

Nunca abra mão da autenticidade

Como você pode perceber e ver em outros exemplos, no marketing de guerrilha é fundamental não apenas a criatividade, mas também a originalidade.

Por isso, pesquise no mercado outras ações de marketing de guerrilha e busque por inspirações, tomando bastante cuidado com plágio.

Sem esquecer que, no final das contas, a mensagem precisa ser positiva para a sua marca.

5 exemplo incríveis do marketing de guerrilha

Você notou alguns grandes exemplos por aqui, mas são tantos outros que vale a pena revisitar cases inesquecíveis.

Pepsi x Coca-Cola

Na guerrilha, o confronto é direto. E não foram poucas às vezes que a Pepsi e a Coca-Cola levaram isso ao pé da letra.

Um dos exemplos mais consagrados, foi quando a Pepsi lançou um vídeo com um menino comprando duas latinhas de Coca-Cola em uma máquina.

Tudo parecia ser mais uma das propagandas leves e joviais que a Coca costumeiramente faz. Mas no final, o personagem utiliza as latinhas para alcançar o botão da Pepsi, que estava mais ao alto.

O resultado você confere aqui:

Mas não para por aí. As duas marcas já travaram batalhas épicas em propagandas de marketing de guerrilha.

Em 2013, a Pepsi provocou sua rival com um anúncio em que a sua latinha se “fantasiava” de Coca-Cola. Na imagem, a frase “Desejamos um Halloween assustador para vocês”.

É claro que a imagem correu o mundo. E a Coca não deixou barato. No site 9gag, a empresa utilizou a mesma peça, mas mudou a frase: “todo mundo quer ser um herói”.

Confira a imagem:

exemplo marketing de guerrilha pepsi

Mr Clean

Não foi só a McDonalds que usou faixas de pedestres para usar em marketing de guerrilha. A empresa de limpeza colocou o seu mascote em uma faixa mais branca que as outras.

Sem nenhuma mensagem ou slogan a mais. De maneira bem eficiente, simples e atacando onde o público passa, pegando-os de surpresa, a propaganda foi supereficiente, fazendo com que as pessoas tirassem fotos e compartilhassem da maneira que quisessem.

Netflix, Stranger Things e o dia das bruxas

A Netflix é sempre lembrada por boas propagandas que envolvem muita criatividade, interatividade e promoção de suas obras originais.

No Halloween de 2016, o streaming desenvolveu uma campainha de Stranger Things para as pessoas usarem em casa no dia das bruxas.

Mas, como funcionava? Que ideia foi essa?

A campainha deveria ser usada no Halloween, quando crianças no EUA se fantasiam e batem de porta em porta para pedir “gostosuras ou travessuras”.

A ideia da campainha era que o dono da casa pudesse assistir à Netflix sem precisar pausar para atender às crianças.

Além de tocar uma música escolhida pelo dono da casa, a campainha ainda avisava que ele estava vendo alguma coisa na Netflix, além de indicar onde as crianças poderiam pegar seus doces.

Genial, não é? Além de uma baita ideia, tem outros dois aspectos importantes: o primeiro é que essa ação tomou como base dados que indicavam que, na noite de halloween, as taxas de pausa aumentavam consideravelmente nos EUA.

Ainda, a Netflix disponibilizou um site dedicado (que não está mais no ar) para que a pessoa construísse o seu aparelho e o colocasse em casa.

Confira o vídeo promocional:

It

O filme It: a coisa, de 2017, assustou muita gente nos cinemas e também nas ruas de Sydney, na Austrália.

Com muita originalidade, simplicidade e de forma surpreendente, a produção espalhou balões vermelhos de gás hélio em alguns bueiros da cidade.

No chão, em tinta branca, uma mensagem bastante clara e um pouco assustadora: “It está mais perto do que você acha. #ItMovie nos cinemas em 7 de setembro”.

Assustadora, mas também genial e que, por fim, rendeu boas risadas dos transeuntes.

exemplo marketing de guerrilha it


Unicef e a água suja

O Fundo das Nações Unidas para a Infância utilizou o marketing de guerrilha não apenas para se promover, mas para uma campanha de arrecadação de doações para países em que água potável não era uma realidade.

Ela simplesmente colocou uma máquina de água no meio de Nova York. Mas a água estava suja.

A ONG, é claro, informava que a água era turva e que isso era a realidade de milhões de crianças moradoras em países em desenvolvimento.

A pessoa poderia doar o dinheiro para a Unicef, que revertia cada dólar em consumo de água potável para 40 crianças.

Qual o limite do marketing de guerrilha?

Como você notou, o Marketing de Guerrilha possui muita criatividade, inventividade e aposta na surpresa do público.

É claro que para ideias inovadoras não há limites, mas é preciso tomar alguns cuidados. Sobretudo com a imagem da sua marca.

Certas empresas se vendem como sérias e o marketing de guerrilha pode não funcionar para marcas assim, ainda que seja possível encontrar certo equilíbrio nas ações.

Outro risco é o grau de interatividade. Nesse caso, a propaganda deve propor ao público interagir com ela e não forçar.

A interatividade pode estar em ações menos diretas, como os casos das faixas de pedestres do McDonalds e Mr Clean, por exemplo.

Outro cuidado é com o nível de choque. Ele deve ser positivo e não espantar o seu público. A ideia da produção de It: a coisa em colocar balões vermelhos em bueiros é muito mais sutil do que colocar o rosto de um palhaço dentro da galeria de esgoto. O choque é menor, mas a ideia é tão criativa quanto.

Por fim, você notou que é possível utilizar a concorrência nas campanhas de marketing de guerrilha. E isso pode dar muito errado. Nesse caso, é importante tomar cuidado com informações falsas quando usar comparações e não transmitir uma mensagem tão negativa para a outra empresa.

No caso da Pepsi com a Coca-Cola, sempre houve margens para uma resposta que pudesse contribuir para a concorrente.

Quando um menino compra duas latas de coca para comprar uma Pepsi, muitos fãs da marca vermelha usaram isso a seu favor, dizendo que a Coca-Cola vende o dobro de sua rival, por exemplo.

No fim das contas, as duas puderam se beneficiar e sair ganhando. Quando isso não é possível, aí a estratégia pode ser desleal e não se sair tão bem.

O Marketing de Guerrilha é só mais uma das inúmeras estratégias que é possível atualmente.

Conheça outras estratégias de marketing que todo empreendedor deveria conhecer. 

Jornalista e apaixonada por produzir conteúdo nos mais diferentes formatos. Nas horas vagas, é fotógrafa, viajante e mãe de suculentas.

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